terça-feira, outubro 07, 2008

Excuse me Mr!

Eu gosto muito de assistir palestras. Mesmo não sendo uma roda de debate, sei que há espaço aberto à discussão, questionamento ou esclarecimento. Depois que voltei para São Paulo, motivada pelo curso de Jornalismo e pela ansiedade em expandir meu conhecimento, não perdi a oportunidade de comparecer nas que me pareciam ser interessantes. Mas a cada palestra que vou, mais fico frustrada.

Fico indignada em ver como os convidados fogem, escapam pela tangente das perguntas mais polêmicas, como, ao invés de aproveitar a ocasião – estar reunido num lugar onde as pessoas estão realmente interessadas em se aprofundar, entender e problematizar o assunto em pauta, pessoas que têm o mínimo conhecimento pelo tema – para discutir de fato sobre o assunto falado, preferem apenas “dar uma aula” mostrando sua experiência e ilustrando com exemplos do veículo que trabalha.

Não sei dizer ao certo quantas palestras que fui conferir desde o começo do ano, e que me deparei com essa situação. Mas foram mais de 5. Ninguém se atreve a argumentar fervorosamente, ninguém se exalta, ninguém se indigna. Eu vejo o conformismo sentado à minha frente, me dizendo com autoridade e, muitas vezes, petulância, para ser fiel às “normas do jornalismo”, ressaltando o quão importante é a apuração, credibilidade, a instantaneidade e blábláblá.

Chega a ser irônico até. Lutou-se tanto pela liberdade de expressão, pelo fim da censura na imprensa, e agora, depois de conquistada, ninguém faz uso de sua voz! Será que só sob (o)pressão as pessoas descruzam os braços e põem-se a mobilizar e protestar? Que belo exemplo nos dá os mestres, doutores, super conceituados e experientes jornalistas! O exemplo claro de como nos acomodamos facilmente quando estamos num cargo bem remunerado.

Não vejo relevância nesses encontros. Além de me desestimularem, não me acrescentam nada! Sugiro aos organizadores de eventos do gênero que, das próximas vezes tragam sociólogos, antropólogos, filósofos, economistas e pensadores que estejam mesmo a fim de problematizar e discutir assuntos contemporâneos que nos influenciem direta ou indiretamente. Conteúdo de verdade pra quem quer questionar (e não perder a fé n) essa sociedade.


→ Voltei!

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