quarta-feira, outubro 29, 2008

Juventude chata

Já perdi a conta de quantas vezes eu, estudando história ou lendo alguma matéria/artigo sobre os movimentos estudantis da década de 60 e 70, repeti pra mim mesma que tinha nascido na época errada.
Por que não participei de tudo aquilo? Por que raios minha geração não se mobilizava? Por que, por que, por quê?!? Não me conformava. Tinha a certeza de que pertencia à aquela época, que se tivesse vivido tudo aquilo, teria sido uma pessoa melhor, poderia contribuir mais para o Brasil, para o futuro (que era meu presente)... mas, sinceramente, hoje percebo que não, a época que vivi foi boa. Muito boa.
Essa constatação se afirma ainda mais quando recebo notícias trágicas como a do caso da Eloá e da menina Isabela. Todas vítimas da doença do "amor". Percebo que casos assim são cada vez mais comuns. Pessoas doentes escudadas sob o amor. Amor? Que amor é esse, que destrói famílias e acaba com a vida de pessoas?
Me questiono se algum dia a menina Eloá tenha amado e sido amada de verdade. Pois a deficiência está em casa, na falta de carinho e desse sentimento verdadeiro e inexplicável que nomearam como "amor".
Como uma garota de 12 anos seria capaz de desejar alguém a ponto de namorar? Com essa idade, a única coisa que eu desejava alucinadamente apaixonada era jogarfuteboljogarfuteboljogarfutebol.
Só fui dar meu primeiro beijo um ano depois, morrendo de vergonha e medo! E, claro, ele jogava futebol. Aliás, jogava muito bem.
Mas os tempos mudaram. Internet, night, piriguete, créucrécréucréu. Tudo pra já, tudo pra ontem, beijosmeliga. Mas pra quê tanta pressa? Por que tanta ansiedade em se tornar adulto? O melhor da infância e juventude é fazer as coisas sem malícia, desconhecendo, descobrindo e aprendendo. Sem saber das conseqüências, sem ter que arcar com as responsabilidades. Por que, então, querer brincar de adulto? É tão chato!
Não estraguem esse momento da vida de vocês! É único, é mágico, rende muitas histórias e aprendizados. Quando vivemos plenamente a juventude, descobrimos fácil (ou mais fácil) quem somos nós, do que gostamos, o que não gostamos, o que queremos pra nós e nossa vida, de fato. Não apague o brilho da sua história. Não seja um jovem com cabeça de um adulto (chato)!

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